A recuperação de pacientes que apresentaram um quadro mais severo da Covid-19, com necessidade de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), pode não ser simples. Após vencer a doença as pessoas que contraíram o vírus, muitas vezes precisam reaprender coisas simples como se virar na cama ou até mesmo engolir a comida.
As pessoas em estado mais grave desenvolvem uma tempestade inflamatória, desencadeada pelo vírus e pela reação do próprio organismo, que se utiliza do mecanismo para a defesa contra a doença, no entanto, essa liberação de substâncias pode danificar os órgãos. Rins, pulmões e coração podem ficar prejudicados por semanas ou meses, tendo seu funcionamento comprometido.
O pulmão
Normalmente a Covid-19 entra no corpo pelas vias aéreas, inflamando a mucosa do nariz e da garganta, indo parar nos pulmões, por isso, naturalmente afeta este órgão primeiro. Nos casos graves, acaba gerando uma intensa inflamação pulmonar, comprometendo o interstício, responsável por manter as vias aéreas e permitir a troca gasosa e oxigenação do sangue. Esse comprometimento pode trazer sequelas como insuficiência respiratória, trazendo sintomas como cansaço leve ou problemas com resistência física durante a prática de atividades. Quando o pulmão fica muito prejudicado, é necessário, inclusive, a realização de fisioterapia.
O coração
Estudo recente publicado na JAMA Network revelou, durante ressonância magnética cardíaca, comprometimento cardíaco em 78% dos pacientes e inflamação do miocárdio em 60%. A pesquisa foi conduzida no Hospital Universitário de Frankfurt entre abril e junho de 2020, com 100 pacientes recuperados pela doença. Assim, há necessidade de investigação contínua das consequências cardiovasculares de longo prazo devido à Covid-19.
Rins
Cerca de 40% das pessoas que vão para a UTI acabam sofrendo de insuficiência renal, necessitando de hemodiálise durante o período de internação. Esses pacientes podem precisar de até três meses para conseguirem se recuperar.
As sequelas podem se estender para outros órgãos, podendo ocasionar complicações neurológicas, musculares e hepáticas, por exemplo. Por isso, especialistas alertam para a necessidade de acompanhamento a longo prazo, com médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, entre outros profissionais.