As infecções hospitalares, conhecidas também como um dos eventos hospitalares adversos, são aquelas que o paciente adquire após a admissão em uma unidade de saúde, seja ela um hospital, clínicas de diálise, ambulatórios de administração de medicamentos ou qualquer outro em que haja a quebra da barreira de prevenção e que coloque o organismo do paciente em uma posição suscetível. São consideradas infecções hospitalares aquelas que se manifestam durante ou depois da alta e são relacionadas à assistência prestada.
Por vezes, mesmo os procedimentos menos invasivos do cotidiano, como a colocação de um catéter para hemodiálise ou até mesmo a passagem de um acesso venoso para administração de medicamentos, podem ser a porta de entrada para bactérias que ocasionarão uma infecção. Nestes casos, a principal causa do problema está ligada à falta de higiene correta das mãos e a não adesão aos protocolos de prevenção associados à inserção e manutenção de dispositivos invasivos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca a importância estratégica da prevenção e controle de infecções, garantindo a segurança do paciente. Estas estratégias abrangem desde procedimentos simples como a higienização correta das mãos e o uso de materiais descartáveis e de uso exclusivo e individual de cada paciente, até a notificação de doenças emergentes, práticas de isolamento e precauções.
Em um portal dedicado exclusivamente para o assunto, (http://www.who.int/infection-prevention/en/) a OMS informa que 1 em cada 10 pacientes adquire infecção durante a assistência à saúde. Com dados estatísticos do mundo todo, a Organização afirma que, em mais de 50% dos casos, a principal causa destas contaminações são bactérias resistentes que passam a ter contato com o paciente após procedimentos médicos, em diversos níveis de invasão.
Como prevenir e combater infecções hospitalares
O combate a infecções hospitalares envolve alguns protocolos e partem de ações simples e de fácil adesão dos profissionais, como a correta higienização das mãos e das instalações hospitalares. Neste caso, a limpeza e higiene devem ser aplicadas desde a recepção ao centro cirúrgico, como também os leitos. É necessária também a adoção de novas tecnologias que possam tornar os procedimentos menos invasivos e, por consequência, preservem a imunidade do paciente.
É importante salientar que há diversos fatores que podem causar infecções hospitalares, como a suscetibilidade de cada paciente que deve ser avaliada individualmente pela equipe multidisciplinar do hospital. Alguns dos exemplos comuns de pacientes que apresentam infecções hospitalares são aqueles que, por algum motivo prévio, apresentem imunodeficiência ou imunidade debilitada, como é o caso de portadores de síndrome metabólica (obesidade), pessoas que tenham insuficiência renal e tabagistas.
Para garantir a segurança do paciente, os hospitais, por sua vez, devem constituir os Serviços de Controle de Infecção Hospitalar, para realizar a vigilância das infecções para detectação de surtos e tratativas, assim como o desenvolvimento de programas para o uso racional de medicações. É fundamental, também, que equipes multiprofissionais que trabalhem dentro do hospital, engajados no cuidado dos pacientes, realizem treinamentos para aprimoramento das melhores práticas de prevenção e controle de infecções.
Os próprios pacientes e seus visitantes também têm papel fundamental na prevenção destes revezes. É de extrema importância que eles recebam orientações sobre os cuidados pós-procedimento das equipes médicas responsáveis.
O problema das infecções hospitalares
De acordo com um balanço da Agência Brasil, de maio de 2019, o Ministério da Saúde estima que, no Brasil, as infecções hospitalares atinjam 14% das internações. Apesar da maioria dos pacientes se recuperarem sem sequelas graves, 77% da mortalidade em pacientes infectados pode ser relacionada à própria infecção.
Uma vez que o paciente passa por este evento adverso, como é o caso das infecções hospitalares, os custos aos sistemas de saúde são maiores, devido ao maior tempo de hospitalização, uso de antibióticos, visitas pós-alta e readmissões.
Os custos gerados pelas infecções hospitalares podem ser divididos como diretos, indiretos e intangíveis. Além de terem um impacto grande dentro dos sistemas de saúde, atingindo não só os pacientes, como também familiares, profissionais de
saúde, empresas, planos de saúde e os hospitais. Vale considerar, também, os danos psicológicos que uma situação como esta pode ocasionar.
Por custos diretos, compreendem-se aqueles que são ligados ao aumento do tempo de hospitalização, a demora para o atendimento de outros pacientes devido a leitos bloqueados, gastos com medicamentos, principalmente os antibióticos que, por muitas vezes, precisam ser mais potentes para o combate de bactérias muito resistentes e, por isso, são mais elevados Há também que se considerar o aumento do número de consultas pós-procedimento e acompanhamento, uso de mais tecnologia e as equipes envolvidas.
Os fatores jurídicos também são parte desta equação, uma vez que não são raros os pacientes que processam judicialmente hospitais e instituições de saúde por terem adquirido infecções em suas instalações. Nestes casos, leva-se em conta não só os honorários das equipes jurídicas, como também o pagamento de indenizações e acordos.
Já os custos indiretos são aqueles que envolvem a diminuição da produtividade no trabalho em virtude de sequelas, descontinuidade no trabalho relacionada à morte de pacientes, perdas de salários e renda pela família do paciente. O aumento da taxa de mortalidade é outro fator considerado e que deve ser amplamente combatido pelos sistemas de saúde.
Os problemas psicológicos e emocionais adquiridos diante de uma situação de infecção hospitalar são considerados custos intangíveis, ou seja, aqueles que não são passíveis de mensuração e que envolvem também a dor, sofrimento e isolamento do paciente. Para os hospitais, há também a imagem negativa e perda na reputação.
Auditorias
Visando minimizar ao máximo efeitos adversos como infecções hospitalares, a OMS (Organização Mundial da Saúde) buscou padronizar seis metas que hospitais devem seguir:
- Identificar o paciente corretamente
- Melhorar a comunicação
- Melhorar a segurança dos medicamentos de controlados
- Assegurar cirurgias com local de intervenção correto, procedimento correto e paciente correto
- Reduzir o risco de infecções associadas a cuidados de saúde
- Reduzir o risco de danos ao paciente, decorrente de quedas
Em 2013, o Ministério da Saúde instituiu, por meio da Portaria 529, de 1 de abril, diversas diretrizes para assegurar que tais medidas fossem adotadas no Brasil. Elas parecem simples à primeira vista, mas são essenciais para assegurar não só uma boa estadia do paciente durante o período em que precisa ficar internado, mas, também, sua qualidade de vida e segurança.
Tendo esses pilares em vista, a Qualirede institui uma série de soluções que podem contribuir positivamente para tais metas. É o caso, por exemplo, do procedimento de auditoria e gestão do paciente internado.
Quando falamos em Auditoria de Saúde da Qualirede, o hospital ou prestador de serviços recebe visitas periódicas de profissionais auditores capacitados para averiguar se todos os protocolos de higiene e segurança são adotados corretamente, e se os pacientes, estão fora de perigo. Mais do que fazer esse estudo e implementar melhorias nos procedimentos médicos, nossas equipes ainda partilham esse conhecimento com as equipes dos hospitais, criando um ambiente mais saudável e cooperativo, unindo todos em prol da segurança do paciente.
Outro fator importante é a permanência de um paciente no hospital: por vezes, quanto mais tempo ele fica internado sem que seja realmente necessário, mais suscetível a infecções e outras complicações ele estará. Por isso, oferecemos serviços de cuidado com o paciente internado, que averigua desde as necessidades básicas dele enquanto está dentro do hospital até a avaliação da possibilidade de alta segura – um procedimento onde, mesmo indo para sua residência, o paciente ainda poderá contar com o acompanhamento remoto de equipes multidisciplinares de enfermeiros e médicos, além dos familiares que residam junto, a fim de que os melhores cuidados sejam oferecidos para ele, independente do local em que esteja. Com pequenas atitudes como essas, muito pode ser feito, salvando vidas e aprimorando a qualidade dos serviços prestados.